CAPÍTULO V A convalescença do jovem processava-se normalmente, o que bastante animava os companheiros, ansiosos por voltar para casa. Na verdade, por muito bem provida de mantimentos e munições que estivesse a cabana do curral, não se comparava ao conforto e segurança da Casa de Granito.
A falta de notícias de Nab não os preocupava por aí além, já que o corajoso criado de Smith, bem entrincheirado, não se deixaria surpreender... Todavia, ao engenheiro não agradava saber as suas forças divididas. Com Ayrton desaparecido e Harbert incapacitado, eram quatro contra cinco e as possibilidades de iniciativa estavam do lado do inimigo.
Spilett estimava em oito dias o período necessário a que Harbert ganhasse forças suficientes para suportar o caminho sem perigo. Oito dias! Isso remetia o regresso a casa só lá para os princípios de Dezembro... Por essa altura, naquela latitude, começava o calor e era, portanto, tempo das colheitas. Logo que regressassem ao planalto, teriam de se abalançar aos trabalhos agrícolas, adiando a projectada expedição por toda a ilha.
A permanência obrigatória no curral minava o ânimo dos colonos, principalmente de Pencroff que se tornara um agricultor convicto, entusiasticamente votado ao ciclo da terra e muito intransigente no que tocava a tempos de semear e colher.
Mas o mais perturbado e impaciente de todos era o próprio Harbert; doía-lhe ser o causador da retenção dos amigos e um empecilho à segurança dos companheiros e à defesa da ilha! Gedeão Spilett, esse, decidiu aliviar a ansiedade patrulhando as imediações acompanhado por Top; a carabina e a vigilância do cão bastavam-lhe para se sentir seguro. Havia penetrado uns duzentos metros na floresta, quando Top deu sinal de pressentir qualquer coisa; avançou para um tufo de arbustos, estacou e pôs-se a ganir baixinho com a cauda esticada.