CAPÍTULO X Do planalto, aonde todos tinham acorrido, o monte Franklin, a cerca de seis quilómetros, parecia um archote gigantesco de labaredas, cinzas e fumaça espessa!
- Já? Tão depressa... - murmurou o engenheiro. - Meus amigos, é chegada a altura de vos falar de um assunto que tenho guardado só para mim... Talvez não tivesse esse direito. Vamos para casa.
Reunidos no salão da Casa de Granito, após um jantar ligeiro, Cyrus Smith tomou a palavra:
- Meus amigos, eu estava enganado quando lhes disse que uma erupção vulcânica não ia pôr a nossa ilha em perigo! Infelizmente, a ilha Lincoln não é daquelas que hão-de durar enquanto o planeta Terra existir. Esta ilha está condenada à destruição num futuro mais ou menos próximo, e a causa está na sua própria natureza e configuração... Contra isso não há nada que se possa fazer!
Os colonos olhavam para ele, perplexos, sem compreender o alcance do que ouviam.
- Explique-se, Cyrus - pediu Gedeão Spilett.
- Vou explicar-me transmitindo-lhes as informações que o capitão Nemo me deu pouco antes de morrer, naquela breve conversa a sós... Foi o último serviço que nos prestou, meus amigos!
- Mas, afinal, que lhe disse ele? - perguntou o repórter.
- Que a ilha Lincoln, ao contrário das outras ilhas do Pacífico e devido à sua disposição particular, tenderá, mais tarde ou mais cedo, para um deslocamento da sua estrutura submarina...
- Um deslocamento? A ilha Lincoln? Essa agora... - exclamou Pencroff, encolhendo os ombros.
- Escute, Pencroff! - retomou Cyrus Smith. - A gruta do Nautilus prolonga-se sob a ilha até ao monte Franklin...
Por muito que nos custe admitir, o capitão Nemo verificou que a chaminé central do vulcão se encontra separada da gruta apenas por uma parede rochosa.