CAPÍTULO VI - Um náufrago! - exclamou Pencroff. - Abandonado na ilha Tabor, apenas a cento e tal milhas de nós! Ah, senhor Smith, temos de ir lá!
- Amanhã mesmo - decidiu o engenheiro.
Cyrus Smith, que examinava atentamente o papel, continuou:
- Meus amigos, só pela maneira como esta mensagem está redigida, pela exactidão da longitude e da latitude, já podemos concluir que o náufrago da ilha Tabor é um homem bastante entendido em assuntos de marinha... Depois, deve ser inglês ou americano, visto que a nota foi escrita em língua inglesa.
- Quem quer que seja teve muita sorte! - comentou o repórter. - Olhem se o Pencroff não tivesse tido a ideia de construir um barco e se não tivesse sido hoje a estreia! A garrafa havia de partir-se contra as rochas e nunca chegaríamos a saber deste vizinho.
- É verdade! Mas que coincidência o Boaventura passar aqui precisamente agora! - disse Harbert.
Entretanto, o marinheiro continuava a manobrar o seu querido veleiro novinho-em-folha, que nesse momento contornava o cabo da Garra. Não havia reparos a fazer: o barco navegava em excelentes condições, donde a travessia até à ilha do náufrago era um empreendimento absolutamente viável.
Pelas quatro da tarde, lançavam ferro defronte da Casa de Granito e, logo a seguir ao jantar, trataram dos detalhes da viagem. O engenheiro Smith calculava que cinco dias bastariam para chegar a Tabor, procurar o abandonado e regressar à ilha.
Efectivamente, o percurso de cento e cinquenta milhas far-se-ia à vontade em quarenta e oito horas, caso não surgissem contratempos de ordem atmosférica.
Faltava decidir quem tomaria parte da expedição. Desde logo, o "capitão" Pencroff e o jovem Harbert, já muito hábil nas artes de marear; na opinião de Cyrus Smith não era necessário ir mais ninguém, mas Gedeão Spilett, como bom repórter que era, não queria perder pitada do acontecimento e teimou em acompanhá-los.