A Ilha Misteriosa - Cap. 3: CAPÍTULO III Pág. 20 / 186

Quanto ao marinheiro, ficou de vigia à lareira para que não se apagasse. Só o inconsolável Nab não logrou pregar olho e passou a noite a rondar lá fora, chamando pelo patrão.

No dia seguinte, os náufragos do ar avaliaram a situação em que se encontravam, começando pelo inventário do que possuíam; e era bem pouco, na verdade. Todos os utensílios e haveres tinham sido atirados ao mar. As únicas coisas que tinham resumiam-se às roupas que traziam vestidas, ao bloco de notas e ao relógio de Gedeão Spilett! Nem uma arma, nem uma simples faca! Quanto ao resto, podiam contar com um abrigo provisório, lume, água potável, ovos e moluscos.

Depois de outra refeição de ovos cozidos, desta feita temperados com sal, que Harbert descobriu nuns buracos das rochas, ficou decidido que Spilett tomasse conta do fogo, enquanto o marinheiro e o rapaz voltavam à floresta para caçar. Quanto a Nab, há muito que retomara as buscas ao longo da costa.

Os dois amigos embrenharam-se na vegetação, admirando uma vez mais o belo porte dos pinheiros, abetos e outras árvores afins. Pássaros cantavam e esvoaçavam pelas ramagens, porém, fora do alcance dos caçadores. Estes avançavam a custo por entre a erva alta, armados de varapaus, até que, ao cabo de uma hora, desembocaram numa zona pantanosa. Harbert notou a presença de uma ave de bico comprido e pontiagudo, muito parecida com o pica-peixe.

- Deve ser um jacamar - disse o rapaz.

- Estava na hora de provar jacamar assado! - exclamou Pencroff.

Mas a pedra, atirada com toda a força pelo rapaz, não acertou no alvo e a ave desapareceu num abrir e fechar de olhos.

De repente, surgiu um bando de aves de pequeno porte e bonita plumagem, que Harbert imediatamente reconheceu como sendo curucuis, aves de sabor delicado e muito fáceis de apanhar no solo.





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