A Ilha Misteriosa - Cap. 4: CAPÍTULO IV Pág. 22 / 186

CAPÍTULO IV

Gedeão Spilett estava sentado na praia, imóvel, olhando o mar. O vento soprava forte e o aspecto do céu só confirmava o vendaval que certamente não tardaria. Pencroff foi ter com ele:

- Parece que vamos ter uma noite dos diabos, senhor Spilett.

- Estava aqui a pensar, Pencroff, que não deixa de ser muito estranho que os corpos de Cyrus Smith e do cão não tenham dado à costa..., caso tenham morrido, claro!

- Pode não ser... O mar estava bravo e, além disso, as correntes podem tê-los levado para longe - respondeu o marinheiro.

- Com todo o respeito pela sua experiência, Pencroff, acho que o desaparecimento de Cyrus e do Top, vivos ou mortos, não tem explicação - volveu o jornalista.

- Quem me dera pensar como o senhor, mas, infelizmente, estou convencido de que morreram afogados.

E com estas palavras, Pencroff voltou às Chaminés para preparar o jantar. Depenou dois tetrazes, enfiou-os num pau e pô-los a assar ao lume.

Pelas oito horas, Nab ainda não tinha voltado e os três companheiros jantaram em silêncio, presos da maior inquietação.

Que teria acontecido ao jovem negro? Talvez estivesse abrigado em qualquer sítio, esperando o amanhecer... Com efeito, lá fora na noite escura, a tempestade atingia proporções formidáveis.

Seriam umas duas horas da manhã, quando o marinheiro foi despertado por uma sacudidela vigorosa.

- Escute, Pencroff! Escute! - disse Gedeão Spilett.

- Mas o que é? Que aconteceu? Só ouço o vento! - respondeu o marinheiro.

- Não, não! Ia jurar que era o ladrar de um cão! - exclamou Spilett.

- Um cão? Não é possível! - Puseram-se os dois à escuta e numa acalmia do vento ouviram-se, de facto, latidos ao longe.

- É verdade, é verdade! - gritou Pencroff.





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