A Brazileira de Prazins - Cap. 17: CAPÍTULO XVI Pág. 162 / 202

Armou a clavina, aparafusou as braçadeiras, a culatra e a fecharia, introduzindo a agulha. Aperrou e desfechou o cão repetidas vezes, acompanhando o movimento com o dedo polegar, para certificar-se de que o desarmador, a caixeta e o fradete trabalhavam harmonicamente. Levantou o fuzil de aço, que fez um som rijo na mola, e friccionou-o com pólvora fina; e, com o bordo de um navalhão de cabo de chifre, lascou a aresta da pederneira que faiscava.

- Valha-me a virgem! Valha-me a virgem! - soluçava a mulher. E ele, zangado com as lástimas da mulher, com expansão raivosa, num sfogato:

E viva a nossa rainha,

Luisinha

Que é uma linda capitoa...

- Vai à loja atrás da seira dos figos e traz o maço dos cartuchos e uma cabacinha de pólvora de escorvar que está ao canto.

A mulher dava-lhe as coisas, a tremer, e fazia invocações ao bom jesus de braga, e às almas santas benditas. Ele encarou-a de esconso, e regougou:

- Mau!... Mau!..

Carregou a. Clavina com a pólvora de um cartucho; bateu com a coronha no sobrado, e deu algumas palmadas na recâmara para fazer descer a pólvora ao ouvido. Fez duas buchas do papel do cartucho, bateu-as com a vareta ligeiramente, uma sobre a pólvora e a outra sobre a bala.

Agora, a gora, agora,

Luisinha, agora.

Depois, pegou da clavina pela guarda-mata, e pôs-se a fazer pontarias vagamente, passeando um olho, com o outro fechado, desde a mira ao ponto.

A mulher fora sentar-se no sobrado, à beira da enxerga de três filhos a chorar; o mais novo esperneava, dava vagidos na cama a procurá-la. Ó alma negra fora dentro beber uns tragos de aguardente, voltou enroupado num capote de militar, despojo das batalhas da maria da fonte.

- Ora agora - disse ele - ouviste? Porta da cozinha e a cancela da horta aberta, porque eu venho pelo lado do pinhal.





Os capítulos deste livro