O padre compreendia mais humanamente marta, dizendo à irmã:
- Ela quando consentiu em casar com o tio já estava doente da moléstia nervosa que a há - de levar ao suicídio.
D. Teresa, com o seu critério um pouco adulterado pelas excêntricas heroínas de sue e dumas, não podia entroncar aquela rapariga de uma aldeia minhota na genealogia dessas parisienses naufragadas em romanescas tempestades. E demais, se marta, como o irmão dizia, estava sob a influência da loucura, a sua desgraça parecia-lhe uma doença e não uma tragédia, segundo as exigências de uma senhora que tinha lido o mais seleto da biblioteca romântica francesa desde 1835 a 1845 - tudo o que há de mais falso e tolo na literatura da europa. D. Teresa queria mais drama na desgraça de marta; porque, se alguma poesia elegíaca lhe concedera pela tentativa de matar-se, toda se resolvia em chilra prosa pelo facto de a imaginar no tálamo conjugal com o arganaz do tio.
Eram horas de deitar. O padre tinha ido para Caldelas a fim de dizer a missa de madrugada, e deixara a irmã a pedido de marta; o barão do rabaçal escancarava a boca nuns bocejos ruidosos e levantava uma perna espreguiçando-se; o noivo olhava para o mostrador do relógio colado aos olhos; e marta, muito aconchegada de D.