A Brazileira de Prazins - Cap. 7: CAPÍTULO VI Pág. 55 / 202

Por fim, vinha o café. As fatias eram torradas ali, no fogareiro. A sua majestade barrava-as de manteiga nacional - preferia a manteiga do seu pais, como a vitela, e o lombo do porco no salpicão português, e o pé do porco nas tripas também portuguesas - tudo do seu país. Que rei, que patriota! - meditava o abade de priscos, bispo eleito de Coimbra, esmoncando-se e aparando as lágrimas ternas no alcobaça.

No fim do copioso almoço, el-rei fumava charutos espanhóis, de contrabando; desabotoava o colete, dava arrotos, repoltreava-se na cadeira de sola um pouco desconfortável, e vaporava grande colunas de fumo que se espiralavam até ao teto. A senhorinha veio à beira de el-rei, e disse baixinho:

- Saberá vossa majestade que está ali o Sr. Trocatles.

- O...?

- Ai! Já me esquecia... O senhor visconde..

- Que suba.

O sujei-to que entrou era o Torcato nunes, uni sargento do exército realista, de são Gens. O rei ergueu-se e fecharam-se na alcova.

A cozinheira dizia em baixo à outra criada de fora:

- Ó coisa! Mal diria eu que ainda havia de chamar visconde ao safardana do trocatles! E a outra, benzendo-se:

- Não que ele, o mundo sempre dá voltas! Veja você! Aquele moinante que me pediu uma vez dois patacos para cigarros, e por sinal que nunca mos pagou!

- Pois vês aí! Foi ele o primeiro que conheceu o Sr. D. Miguel, é o que foi, e a sua majestade gosta muito dele. Foi feliz o diabo do homem! Aquilo vai a governo, tu verás; e já ouvi dizer que o sobrinho dele, o padre zé da eira, o de rio caldo, que é zanagra, está cónego. Limparam-se da carepa, é o que é. A mulher dele já botou no domingo passado a sua saia e jaqué de pano azul.

- E que rico pano!

- Pois vês aí...

Entrava nesta conjuntura o abade, esfadigado,





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