suarento - que levasse o diabo a freguesia, que pouco tempo havia de aturar maçadas daquelas, para confessar uma bêbeda de uma velha que tinha bebido de mais na feira da póvoa e caíra de um valado abaixo. E ele? - perguntava - almoçou bem?
- Ora! Não há que perguntar, senhor! Aquilo, salvo seja, é como a cal de uma azenha. É quanto lhe deitarem para a tripa. Coisa assim! Subiu agora para lá o munes. Ai! Já me esquecia, é senhor abade! Olhe que na vila já perguntaram se cá na casa estavam hóspedes, porque vinham para cá muitas comidas. Que não vão eles pegar a desconfiar.. Esta pergunta à rapariga traz água no bico.
- E tu que respondeste, rapariga?
- Que vinham por cá jantar uns senhores padres, que agora era tempo de confesso...
- Andaste bem.
Quando o padre marcos rebelo subia à sala, pedindo licença a meio da escada, já o rei e o visconde vinham saindo da alcova - um, aprumado na atitude da majestade, o outro, na do respeito, muito composto.
- Pede licença na sua casa, dom prior? - disse el-rei.
O dom prior de Guimarães flectiu a perna direita; o soberano apressou-se a erguê-lo.
- Nada de etiquetas, já lho disse dúzias de vezes.
- Não posso nem devo proceder de outra maneira, senhor!
- Pode e deve que o mando eu.
E o abade, inclinando-se com os braços em cruz sobre a batina:
- Saberá vossa majestade que o Sr. Capitão-mor de santa marta, a quem vossa real majestade fez barão de Bouro...
- Bem sei... Aquele amável cavalheiro...
- Perfeito cavalheiro - atestou o nunes.
- Escreveu-me a carta que tenho a honra de depositar nas mãos da vossa majestade.
El-rei leu alto:
Amigo dom prior de Guimarães. - um realista do concelho de Famalicão chegou há pouco a esta casa, a fim de que eu escrevesse ao meu nobre e velho amigo para obter de S.