O Retrato de Ricardina - Cap. 24: CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO Pág. 154 / 178

Peço-lhe, meu primo, o favor de entrar nesta sege, e a sua mãe lhe desfará as dúvidas deste parentesco...

Alexandre apertou a mão da viscondessa, e, cobrando a quietação própria do seu natural, disse:

- Não posso obedecer já, minha senhora, porque tenho obrigações indeclináveis que me prendem por uma hora, mas amanhã irei pedir a Vossa Excelência que...

- Amanhã?! Hoje - atalhou Matilde. - A casa da minha tia Ricardina é na Rua de S. Francisco. Se quer que lhe mande buscar alguns livros ou papéis à Rua dos Calafates, diga-mo, meu primo; que a sua ida de aqui é para casa da sua mãe.

- Minha senhora - replicou Alexandre sorrindo - , eu creio que estou num perfeito estado de vigília; mas assim mesmo, não sei que visualidades dramáticas me está parecendo esta surpresa! Seja como for, a ansiedade de saber que lance é este da minha vida leva-me a pedir a Vossa Excelência e a minha mãe a explicação, e licença de ir hoje mesmo recebê-la, visto que vossa Excelência...

- Bem - cortou a viscondessa. - Nós vamos para casa, a carruagem vem buscá-lo de aqui a três quartos de hora, já que o não podemos arrancar aos seus amores da gazeta. Adeus, primo.

- Minha senhora...

- E não me chama prima, o soberbo - queixou-se graciosamente a viscondessa a D. Ricardina.

- Minha prima, ou minha irmã, visto que vossa Excelência tão amigavelmente sentou a minha pobre mãe ao seu lado - disse Alexandre beijando-lhe a mão.

- Adeus - concluiu Matilde comovida.

- Meu filho, até logo... - disse a mãe.

A carruagem rodou estridente e rápida. Alexandre manteve-se ainda estupefacto encostado ao batente de uma portada.

Depois... Aqui é que é o espanto!... Depois, subiu, sentou-se à banca, e continuou o trabalho impugnativo das mitológicas





Os capítulos deste livro