A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 144 / 524

Os elementos sexuais femininos e masculinos parecem afectados antes que tenha lugar a união que formará um novo ser. No caso das plantas «anormais», o rebento, que na sua condição mais incipiente não parece diferir essencialmente de um óvulo, é o único afectado. Mas ignoramos completamente a razão de esta ou aquela parte variarem mais ou menos com a perturbação do sistema reprodutivo. Não obstante, podemos entrever aqui e ali uma réstia de luz, com a certeza de que tem de haver uma causa para cada desvio de estrutura, por muito ligeiro que seja.

É extremamente duvidoso a que ponto a diferença de clima, alimentação, etc., pode produzir um efeito directo sobre qualquer ser. Parece-me que este efeito é minúsculo no caso dos animais, mas talvez muito maior no caso das plantas. Podemos, pelo menos, concluir seguramente que tais influências não podem ter produzido as muitas coadaptações de estrutura, impressionantes e complexas, entre um ser orgânico e outro, I que observamos em todo o lado na natureza. Pode-se atribuir alguma influência, pouca, ao clima, alimentação, etc.: assim, E. Forbes afirma confiantemente que os moluscos no seu limite meridional e quando vivem em águas rasas, têm uma coloração mais vívida do que os da mesma espécie que vivem mais a norte ou a maior profundidade. Gould acredita que as aves da mesma espécie têm uma coloração mais vívida numa atmosfera límpida do que quando vivem em ilhas ou perto do litoral. Assim, no que diz respeito aos insectos, Wollaston está convencido de que a proximidade do mar afecta a sua coloração. Moquin-Tandon apresenta uma lista de plantas que, quando crescem perto do litoral, têm as folhas carnudas até certo ponto, embora em nenhum outro lugar. Poder-se-ia apresentar muitos outros casos.





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