Podemos muitas vezes atribuir falsamente à correlação de crescimento estruturas que são comuns a grupos inteiros de espécies e que, em boa verdade, se devem simplesmente à hereditariedade; pois um progenitor antigo pode ter adquirido através da selecção natural alguma modificação de estrutura, e, após milhares de gerações, outra modificação diferente e independente; e seria muito natural considerar que estas duas modificações, tendo sido transmitidas a todo um grupo de descendentes com hábitos distintos, estão correlacionadas de alguma maneira necessária. Pelo que, mais uma vez, não duvido de que algumas correlações aparentes, que ocorrem em ordens inteiras, se devem inteiramente ao modo exclusivo de acção da selecção natural. Por exemplo, Alph. De Candolle observou que nunca se encontram sementes aladas em frutos que não abrem: devo explicar a regra pelo facto de que as sementes não se poderiam tornar aladas gradualmente através da selecção natural, excepto em frutos que abrissem; pelo que as plantas individuais que produzissem sementes um pouco mais bem adaptadas para ser transportadas mais longe através do ar poderiam obter uma vantagem sobre as que produzem sementes menos adaptadas à dispersão; e este processo não poderia de maneira alguma ocorrer num fruto que não abrisse.