A Origem das Espécies - Cap. 7: CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA Pág. 186 / 524

menos perfeito do que em geral se supõe; devendo-se a imperfeição do registo sobretudo ao facto de os seres orgânicos não habitarem as profundezas marítimas e de os seus vestígios só serem incrustados e preservados para uma época do futuro em massas sedimentares suficientemente espessas e extensas para suportar uma enorme quantidade de degradação posterior; e tais massas fossilíferas só se podem acumular onde se depositam muitos sedimentos, em leitos marítimos pouco profundos, enquanto estes subsidem* lentamente. Estas contingências só raramente irão co-ocorrer, e depois de intervalos muitíssimo longos. Quando o leito marítimo se encontra estacionário ou em elevação, ou quando são pouquíssimos os sedimentos depositados, haverá lacunas na nossa história geológica. A crosta da Terra é um vasto museu; mas as colecções naturais foram reunidas apenas a intervalos de tempo imensamente remotos.

*Subsidência é um termo geológico que refere o aluimento da superfície terrestre por causas naturais ou artificiais. Ao contrário do que acontece em inglês, o verbo «subsidir» não está dicionarizado em português. Sendo a palavra de raiz latina, estando o substantivo «subsidência» dicionarizado e uma vez que Darwin usa o verbo «to subside» e este se refere a um termo técnico, não há qualquer razão para não usarmos também o verbo. [N.T.]

Mas pode-se reclamar que quando diversas espécies intimamente próximas habitam o mesmo território deveríamos seguramente encontrar hoje em dia muitas formas transicionais. Tomemos um exemplo simples: quando num continente viajamos de norte para sul, geralmente deparamo-nos a intervalos sucessivos com espécies intimamente próximas ou representativas, que evidentemente ocupam quase o mesmo espaço na economia natural da região.





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