A Origem das Espécies - Cap. 8: CAPÍTULO VII
INSTINTO Pág. 240 / 524

A Formica sanguinea, por outro lado, tem muito menos escravas e pouquíssimas no início do Verão. As mestras determinam quando e onde um novo ninho será formado e quando migram são as mestras que transportam as escravas. Na Suíça, como na Inglaterra, as escravas parecem ter exclusivamente a seu cuidado as larvas, e só as mestras partem em expedições escravizadoras. Na Suíça as escravas e as mestras trabalham juntas, fazendo e transportando materiais para o ninho: ambas, mas principalmente as escravas, cuidam e ordenham, como se lhe pode chamar, os seus afídeos; e desta maneira ambas recolhem alimentos para a comunidade. Na Inglaterra, só as mestras usualmente abandonam o ninho para obter materiais de construção e comida para si próprias, as suas escravas e as suas larvas. Pelo que as mestras neste país são muito menos servidas pelas suas escravas do que na Suíça.

Não vou fingir ter conjecturas sobre as etapas pelas quais se originou o instinto da F. sanguinea. Mas como as formigas que não são escravistas transportam, como observei, as pupas de outras espécies, se espalhadas perto dos seus ninhos, é possível que pupas originalmente armazenadas como alimento se desenvolvam; e as formigas assim criadas não intencionalmente seguiriam então os seus instintos apropriados, realizando o trabalho de que fossem capazes. Se a sua presença se provasse útil para a espécie captora - se fosse mais vantajoso para esta espécie capturar trabalhadoras em vez de as procriar -, o hábito de recolher pupas originalmente para alimentação poderia reforçar-se por selecção natural e tornar-se permanente para a finalidade muito diferente de criar escravas. Uma vez adquirido o instinto, se levado a cabo mesmo em menor grau do que na nossa F.





Os capítulos deste livro