A Origem das Espécies - Cap. 2: CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO Pág. 29 / 524

Por estas diversas razões, nomeadamente, a improbabilidade de o homem ter conseguido fazer sete ou oito supostas espécies de pombos procriarem livremente sob domesticação; sendo estas supostas espécies completamente desconhecidas em estado selvagem e em lado nenhum se tornando bravias; tendo estas espécies caracteres muito anormais em certos aspectos, por comparação com todos os outros columbídeos, embora tão semelhantes em quase todos os outros aspectos ao pombo comum; com o aparecimento ocasional da cor azul e várias marcas em todas as linhagens, nas que se mantêm puras como nas cruzadas; sendo os descendentes mistos perfeitamente férteis; - ao considerar conjuntamente estas diversas razões, não posso duvidar de que todas as nossas linhagens domésticas descendem da Columba livia, com as suas subespécies geográficas.

A favor desta perspectiva, posso antes de mais acrescentar que a C. Livia, ou pombo comum, foi considerada susceptível de domesticação na Europa e na Índia; e que partilha com todas as linhagens domésticas os seus hábitos e uma grande quantidade de aspectos da sua estrutura. Em segundo lugar, apesar de um pombo-correio inglês ou um pombo-cambalhota de bico curto serem muito diferentes do pombo comum em certos caracteres, através da comparação das diversas sub-linhagens destas linhagens, mais especialmente as que foram transportadas de regiões remotas, podemos fazer uma série quase perfeita entre os extremos de estrutura. Em terceiro lugar, os principais caracteres distintivos de cada linhagem, por exemplo, a bar bela e o comprimento do bico no pombo-correio, o bico curto do pombo-cambalhota e o número de penas caudais no pombo-de-leque, são eminentemente variáveis em cada linhagem; e a explicação deste facto será óbvia quando abordarmos o tema da selecção.





Os capítulos deste livro