A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 317 / 524

Embora cada formação possa assinalar um intervalo muito longo de anos, cada um é provavelmente curto, comparado com o período exigido para que se transforme uma espécie noutra. Estou ciente de que dois paleontólogos, cujas opiniões merecem grande consideração, Bronn e Woodward, concluíram que a duração média de cada formação é duas ou três vezes maior do que a duração média de formas específicas. Mas, segundo me parece, dificuldades insuperáveis impedem-nos de chegar a qualquer conclusão justa a este respeito. Quando vemos uma espécie surgir pela primeira vez no meio de qualquer formação, seria bastante imprudente inferir que não existira previamente em qualquer outro lugar. Assim, mais uma vez, quando vemos que uma espécie desaparece antes de as camadas superiores se terem depositado, seria igualmente imprudente supor que esta então se extinguiu completamente. Esquecemos quão pequena é a área da Europa por comparação com o resto do mundo; nem as diversas fases da mesma formação em toda a Europa foram correlacionadas com perfeita precisão.

No caso dos animais marinhos de todos os tipos, podemos inferir seguramente a ocorrência de migrações em grande quantidade durante as mudanças climáticas e outras; e quando vemos uma espécie surgir pela primeira vez em qualquer formação, é provável que só então ela tenha imigrado para aquela área pela primeira vez. É bem conhecido, por exemplo, que diversas espécies surgiram um pouco mais cedo nas camadas paleozóicas da América do Norte do que nas da Europa, tendo aparentemente sido necessário tempo para que migrassem dos mares americanos para os europeus. Ao examinar os depósitos mais recentes de várias partes do mundo, observou-se em todo o lado que algumas espécies, poucas, ainda existentes





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