A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 382 / 524

observações anteriores sobre «centros de criação únicos e múltiplos» não é directamente relevante para outra questão próxima - nomeadamente, se todos os indivíduos da mesma espécie descendem de um único par, ou de um único hermafrodita, ou se, como alguns autores supõem, de muitos indivíduos criados simultaneamente. Nos seres orgânicos que nunca se entrecruzam (se existem), a espécie, segundo a minha teoria, tem de descender de uma sucessão de variedades aperfeiçoadas, que nunca se terão misturado com outros indivíduos ou variedades, mas ter-se-ão suplantado entre si; pelo que, em cada etapa sucessiva de modificação e aperfeiçoamento, todos os indivíduos de cada variedade serão descendentes de um único antecessor. Mas, na maioria dos casos, nomeadamente, em todos os organismos que habitualmente se unem para cada nascimento, ou que entrecruzam frequentemente, creio que durante o lento processo de modificação os indivíduos da espécie ter-se-ão mantido quase uniformes pelo entrecruzamento; pelo que muitos indivíduos terão continuado a modificar-se simultaneamente, e a quantidade total de modificação não se terá devido, em cada etapa, à descendência a partir de um único antecessor. Para ilustrar o que quero dizer: os nossos cavalos de corrida ingleses diferem ligeiramente dos cavalos de todas as outras linhagens; mas não devem a sua diferença e superioridade à descendência a partir de um único par, e sim ao cuidado contínuo na selecção e treino de muitos indivíduos durante muitas gerações.

Antes de discutir as três classes de factos, que escolhi por levantarem as maiores dificuldades à teoria dos «centros únicos de criação», tenho de me pronunciar acerca dos meios de dispersão.

Meios de dispersão. - Sir C. Lyell e outros autores trataram competentemente este assunto.





Os capítulos deste livro