A Origem das Espécies - Cap. 13: CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação) Pág. 438 / 524

de organismo a organismo são da mais elevada importância, podemos ver porque duas áreas com quase as mesmas condições físicas são frequentemente habitadas por formas de vida muito diferentes; pois, segundo a quantidade de tempo decorrida desde que novos habitantes entraram numa região; segundo a natureza da comunicação que em maior ou menor número permitiu a entrada a certas a formas de vida e não a outras; segundo as formas que entraram terem ou não entrado em competição mais ou menos directa entre si e com as aborígenes; e segundo a capacidade de os imigrantes variarem com maior ou menor rapidez, daí resultaria em diferentes regiões, independentemente das suas condições físicas, condições de vida infinitamente diversificadas - haveria uma quantidade quase interminável de acção e reacção orgânicas - e deveríamos encontrar, como encontramos, alguns grupos de seres muitíssimo modificados e outros apenas ligeiramente - alguns desenvolvidos com grande vigor, outros existindo em escassa quantidade - nas diferentes grandes províncias geográficas do mundo.

Com base nestes mesmos princípios, como procurei mostrar, podemos compreender a razão de as ilhas oceânicas terem poucos habitantes, mas, de entre estes, muitos serem endémicos ou peculiares; e a razão, no que se refere aos meios de migração, de todas as espécies num grupo de seres, apesar de pertencerem à mesma classe, serem endémicas, e de noutro grupo todas as espécies serem comuns a outras partes do mundo. Podemos ver a razão da ausência de grupos inteiros de organismos, como os batráquios e os mamíferos terrestres, nas ilhas oceânicas, enquanto as ilhas mais isoladas têm as suas próprias espécies peculiares de mamíferos aéreos ou morcegos. Podemos ver porque haveria alguma relação entre a presença de mamíferos, numa condição mais ou menos modificada, e a profundidade do mar que separa uma ilha do continente.





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