A Origem das Espécies - Cap. 4: CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA Pág. 67 / 524

CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA

Relevância para a selecção natural - Sentido lato do termo - Poderes de proliferação geométrica - Crescimento numérico veloz de animais e plantas naturalizados - Natureza das restrições ao crescimento - Competição universal - Efeitos do clima - Protecção decorrente do número de indivíduos - Relações complexas de todos os animais e plantas na natureza - Máxima severidade da luta pela vida entre indivíduos e variedades da mesma espécie; frequentemente severa entre espécies do mesmo género - Relação de organismo a organismo como a mais importante das relações.

Antes de entrar na matéria deste capítulo, tenho de fazer algumas observações preliminares, para mostrar a relevância da luta pela existência para a selecção natural. Viu-se no último capítulo que entre os seres orgânicos em estado de natureza há alguma variabilidade individual; na verdade, tanto quanto sei isto nunca foi contestado. É-nos irrelevante que se designe uma multidão de formas duvidosas como «espécies» ou «subespécies» ou «variedades»; qual a categoria, por exemplo, que as 200 ou 300 formas duvidosas de plantas britânicas têm direito a manter, se for admitida a existência de quaisquer variedades bem marcadas. Mas a mera existência de variabilidade individual e de algumas variedades bem marcadas, embora necessária como fundamento do trabalho, pouco nos ajuda a compreender como surgem as espécies na natureza. Como se aperfeiçoaram todas aquelas subtis adaptações de uma parte da organização a outra parte, às condições de vida, e de um ser orgânico distinto a outro ser? Observamos mais nitidamente estas belas coadaptações no pica-pau e no visco branco; e apenas um pouco menos nitidamente no





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