mais humilde dos parasitas que se agarra aos pêlos de um quadrúpede ou às penas de uma ave; na estrutura do escaravelho que mergulha na água; na semente plumada arrastada pela brisa mais suave; resumindo, vemos adaptações belas em todo o lado e em cada parte do mundo orgânico.
Pode-se perguntar, mais uma vez, de que modo as variedades, a que chamei «espécies incipientes», se convertem por fim em genuínas espécies distintas, que na maioria dos casos diferem obviamente muito mais entre si do que as variedades da mesma espécie? Como surgem os grupos de espécies que constituem aquilo a que se chama «géneros distintos» e que diferem mais entre si do que as espécies do mesmo género? Todos estes resultados, como veremos mais detalhadamente no capítulo seguinte, seguem-se inevitavelmente da luta pela vida. Devido a esta luta pela vida, qualquer variação, por muito ligeira que seja e independentemente da causa que a produz, se for em maior ou menor grau vantajosa para um indivíduo de qualquer espécie, nas suas relações infinitamente complexas com outros seres orgânicos e com a natureza exterior, contribuirá para a preservação desse indivíduo e será geralmente herdada pelos seus descendentes. Estes terão, além disso, maior probabilidade de sobreviver, pois, dos muitos indivíduos de qualquer espécie que nascem periodicamente, só um pequeno número deles pode sobreviver. Usei o termo «selecção natural» para designar este princípio, segundo o qual cada ligeira variação, quando útil, é preservada, de maneira a salientar a sua relação com o poder selectivo do homem. Vimos que através da selecção o homem pode seguramente produzir grandes resultados e pode adaptar os seres orgânicos aos seus próprios fins, através da acumulação de variações ligeiras