O AntiCristo - Cap. 45: Capítulo 45 Pág. 71 / 117

XLIV

— Os Evangelhos são inestimáveis como evidência da corrupção já arraigada dentro da comunidade cristã primitiva. O que Paulo, com a cínica lógica de um rabino, posteriormente levou a cabo era no fundo apenas um processo de degradação que se iniciou com a morte do Salvador. — Nenhum esmero é demais na leitura dos Evangelhos; dificuldades se ocultam por detrás de cada palavra. Eu confesso — espero que ninguém me leve a mal — que precisamente por essa razão oferecem um deleite de primeira ordem a um psicólogo — como o oposto de toda corrupção ingênua, como um refinamento par excellence, como uma arte da corrupção psicológica. Os Evangelhos, de fato, estão à parte. A Bíblia em geral não deve ser comparada a eles. Estamos entre judeus: essa é a primeira coisa que devemos ter em mente se não quisermos perder o fio do assunto. A genialidade empregada para criar a ilusão de “santidade” pessoal permanece sem paralelos, tanto nos livros quanto nos homens; essa elevação da falsidade na palavra e nos gestos ao nível de arte— isso tudo não se deve ao acaso de um talento individual, de alguma natureza excecional. O necessário aqui é a raça. Todo o judaísmo manifesta-se no cristianismo como a arte de forjar mentiras sagradas, como a técnica judaica que após muitos séculos de aprendizado e treinamento sério chegou à sua mais alta maestria. O cristão, essa última ratio (razão) da mentira, é o judeu mais uma vez — é triplicemente judeu...





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