Houve um momento em que o guarda, sem dúvida aborrecido de estar no seu esconderijo, fez um pouco de ruído.
- Anda alguém lá em cima? - disse Charles.
- Não! - respondeu ela. - É uma clarabóia que ficou aberta e que mexe com o vento.
Partiu para Ruão no dia seguinte, que era domingo, para visitar todos os banqueiros de que conhecia o nome. Estavam no campo ou em viagem. Não desistiu; e aos que conseguiu encontrar pediu dinheiro, argumentando que precisava dele e que o restituiria. Alguns riram-se-lhe na cara; todos recusaram.
Às duas horas correu a casa de Léon, batendo-lhe à porta. Ninguém abriu. Por fim apareceu ele. - Que te traz por cá?
- Incomodo-te?
-Não..., mas...
E confessou que a dona da casa não gostava que lá fossem «mulheres». - Tenho de falar contigo - prosseguiu ela.
Então ele pegou na chave. Ela deteve-o.
- Aqui não! Lá no nosso quarto.
E foram para o quarto do Hotel Bolonha.
Ela bebeu, logo que lá chegou, um grande copo de água. Estava muito pálida. Disse-lhe:
- Léon vais-me fazer um favor.
E, sacudindo-o pelas duas mãos, que segurava com força, acrescentou:
- Escuta, preciso de oito mil francos!
- Mas estás doida!
- Ainda não!
E imediatamente lhe contou a história da penhora, lhe expôs o seu infortúnio; porque Charles não sabia de nada, a sogra detestava-a, o Tio Rouault nada podia fazer; mas ele, Léon, iria pôr-se em campo para encontrar aquela soma indispensável.