Yonville-l’Abbaye (assim chamada por causa de uma antiga abadia de capuchinhos de que nem já ruínas existiam) é uma vilória situada a oito léguas de Ruão, entre as estradas de Abbeville e de Beauvais, no fundo de um vale banhado pelo Rieule, pequeno rio que desagua no Andelie, depois de ter feito girar três moinhos nas proximidades da sua foz, e onde existem algumas trutas, que os rapazes, ao domingo, se entretêm a pescar à linha.
Deixa-se a estrada principal em Boissiêre e continua-se em caminho plano até ao alto da encosta de Leux, donde se avista o vale. O riacho que o atravessa como que o divide em duas regiões de aspecto diferente: tudo quanto fica à esquerda é aproveitado para pas.tagem; tudo o que fica para a direita é cultivado. Os prados estendem-se sob um enfiamento de colinas baixas, indo ligar-se, por detrás, às pastagens da região de Bray, enquanto, para leste, a planície, elevando-se suavemente, vai alargando e estende até perder de vista as suas louras searas de trigo. A água que corre à beira da verdura separa com um risco branco a cor dos prados e a da terra lavrada, de modo que o campo assim faz lembrar um enorme manto estendido com uma gola de veludo verde orlada de prata.
Logo à chegada vêem-se, no extremo do horizonte, os carvalhos da floresta de Argueil, com as escarpas da encosta de Saint-jean, riscadas de alto a baixo por grandes sulcos vermelhos irregulares; são as marcas das chuvas, e aqueles tons de tijolo, destacando-se em traços delgados sobre a cor parda da montanha, provêm da quantidade de nascentes ferruginosas que correm ao longe, nas regiões circunvizinhas.
Encontramo-nos nos confins da Normandia, da Picardia e da Ilha de França, região abastardada onde a linguagem é incaracterística, tal como a sua paisagem.