Calou-se, procurando com o olhar um público à sua volta, pois, na sua efervescência, o farmacêutico, por um instante, julgou estar em pleno conselho municipal. Mas a dona da estalagem já não o ouvia; prestava atenção a um rumor ao longe. Distinguiu-se o ruído duma carruagem, à mistura com o chocalhar de ferraduras soltas batendo a terra, e a Andorinha parou finalmente diante da porta.
Era uma caixa amarela suspensa por duas grandes rodas que, subindo até à altura do toldo, impediam os viajantes de ver bem a estrada e ainda lhes sujavam os ombros. Os pequenos vidros dos seus estreitos postigos tremiam nos caixilhos quando o veículo ia fechado e conservavam manchas de lama, aqui e ali, no meio da sua velha camada de pó, que nem a chuva das trovoadas conseguia lavar completamente. Era tirada por três cavalos, dos quais o primeiro atrelado em sota, e, nas descidas, tocava no chão, dando solavancos.
Apareceram então na praça alguns moradores de Yonville; falavam todos ao mesmo tempo, pedindo explicações, notícias e encomendas; Hivert não sabia a qual responder. Era ele quem fazia na cidade os recados do lugar. Ia às lojas, trazia rolos de sola para o sapateiro, ferragem para o ferrador, uma barrica de arenques para a patroa, toucas da modista e postiços do cabeleireiro; e, ao longo da estrada, no regresso, distribuía os seus pacotes, que ia atirando por cima da vedação dos pátios, pondo-se de pé sobre o assento e gritando a plenos pulmões, enquanto os cavalos continuavam a andar sozinhos.