A Ilha Misteriosa - Cap. 2: CAPÍTULO II Pág. 12 / 186

- E acontece que já lhe demos a volta completa.

O marinheiro estava certo. Os náufragos tinham sido arremessados para uma pequena ilha com pouco mais de quatro quilómetros de perímetro! Dar-se-ia o caso de aquele ilhéu árido, apenas habitado por aves marinhas, fazer parte de um arquipélago de alguma importância? Os olhos do marinheiro, habituados a perscrutar as sombras, julgavam distinguir a oeste umas massas confusas, que podiam corresponder a outra terra próxima... Porém, a escuridão não permitia qualquer certeza. A única coisa a fazer era esperar pelo dia seguinte e continuar a procurar o engenheiro.

As horas passaram lentamente. Os náufragos, enregelados pelo frio intenso e cheios de inquietação, não conseguiam descansar. Andavam de um lado para o outro, regressando a todo o instante à ponta norte, ao local onde se desenrolara a tragédia. Chamavam e voltavam a chamar e, a certa altura, um grito de Nab pareceu produzir um eco. Harbert comentou o facto com Pencroff e acrescentou:

- O eco pode significar que existe uma costa bastante próxima, para oeste.

O marinheiro acenou afirmativamente. De resto, os seus olhos nunca o enganavam: ali havia terra de certeza! Perto da meia-noite, o céu começou a limpar, tornando visíveis algumas estrelas. E, caso estivesse ali com os companheiros, o engenheiro verificaria de imediato que aquelas estrelas e constelações não eram as do hemisfério norte. Às primeiras horas do dia 25 de Março, a neblina que se levantava do mar não permitia enxergar para lá dos vinte metros, mas com o avançar da manhã o nevoeiro dissipou-se e os primeiros raios de sol iluminaram a superfície do ilhéu.

E era verdade! Havia terra à vista! A oeste, erguia-se uma costa alta e abrupta, separada da ilhota por um canal de corrente muito forte, com cerca de novecentos metros de largura.





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