A Ilha Misteriosa - Cap. 21: CAPÍTULO III Pág. 132 / 186

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- Ora essa! Não há escolhos no canal! - contrapôs o marinheiro. - Aceito o que quiserem, menos um embate contra as rochas!

- Precisamos ir lá dentro - propôs o engenheiro. - Talvez aí seja possível descobrir o que aconteceu.

Era, de facto, o melhor a fazer, até porque convinha inventariar todos os valores que pudessem ser retirados de bordo. De resto, a maré continuava a baixar, facilitando o acesso ao bojo do brigue. Cada rombo era uma porta escancarada! Cyrus Smith e os companheiros avançaram, munidos de machados, ao longo do convés destroçado e atravancado de caixotes, cujo conteúdo, conforme esperavam, devia estar ainda aproveitável. Ayrton e Pencroff improvisaram uma espécie de guindaste no rombo maior e começaram a içar todos os volumes, barris e caixas que, posteriormente, eram transportados no bote até à praia. Depois se veria o que continham.

Resumindo, para grande satisfação dos colonos, não restavam dúvidas de que o brigue carregava carga muito variada e da maior utilidade.

Chegados ao lado da ré, ao local onde antes se erguia o castelo da popa e, por conseguinte, onde ficava o paiol, verificaram - conforme era já convicção do engenheiro - que a explosão do navio não tivera ali a sua origem. Aliás, a zona do paiol fora precisamente a menos atingida. O marinheiro teve de admitir, contrariado:

- Bem, sou obrigado a reconhecer que tinham razão! Mas quanto a um choque numa rocha, aí eu mantenho que não as há no canal!

Pelo menos, puderam recuperar uma grande quantidade de munições e uma vintena de barris de pólvora, que removeram com todas as precauções.

A maré, entretanto, começara a encher e as buscas ficaram por ali. De resto, podiam voltar à carcaça do navio sempre que quisessem, encalhada como estava nas areias do fundo.





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