A Ilha Misteriosa - Cap. 16: CAPÍTULO V Pág. 93 / 186

E tão bem se trabalhou que, a 15 desse mês, o forro interno e a coberta estavam terminados. Para calafetar as pranchas do casco, fez-se estopa com palha de junça, coberta depois com alcatrão a ferver. Enfim, os restantes trabalhos de lastração, colocação do mastro e construção da cabina com dois compartimentos, levaram mais umas semanas, até que, finalmente, o barco ficou pronto.

A 10 de Outubro foi o lançamento ao mar. O barco flutuava em perfeito equilíbrio nas suas linhas de água e tudo indicava que navegaria nas melhores condições. O "capitão" Pencroff assim nomeado pelos companheiros - não cabia em si de contentamento e de orgulho! Agora só faltava baptizar o pequeno veleiro. Foram apreciadas várias propostas, mas a escolha acabou por recair, por unanimidade, no nome Boaventura que era, nada mais nada menos, o nome de baptismo de Pencroff.

O tempo estava soberbo, com mar calmo e uma ligeira brisa de noroeste. Assim sendo, o marinheiro decidiu que se fizesse o passeio de inauguração.

- Vá, toca a embarcar! - gritava ele, entusiasmado.

Pelas dez e meia, estavam todos a bordo, incluindo o cão e uma sacola bem provida de comida, pois tencionavam almoçar no mar.

Os passageiros do Boaventura estavam encantados com a navegação e com a perspectiva da sua ilha vista do mar! Pencroff manobrava habilmente o veleiro em direcção ao sul, sempre perto da costa, e, diante dos olhos dos colonos, iam-se desenrolando as belas paisagens da ilha Lincoln: os areais do litoral, a mata verdejante das florestas e o imponente monte Franklin, a dominar tudo com os seus cumes coroados de neve...

- Como é bonita a nossa ilha! - não se conteve Harbert.

Nisto, o rapaz exclamou:

- Vira a proa, Pencroff! Vira!

- Que há? Um rochedo? - perguntou o marinheiro.





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