- Sra. baronesa, a pergunta seria desnecessária, se V. Exa. tivesse bem penetrado os sentimentos íntimos do meu coração... É essa a minha única aspiração.
- Muito bem. E tu, Deolinda?
- Eu, minha querida mamã - respondeu a jovem com as faces afogueadas - , abstenho-me de responder... Fernando também falou por mim.
- Ora aí está! E andavam estas crianças segredando pelos cantos da casa os seus afetos, sem terem a franqueza de mos revelar! Ah, ingratos...
- Sra. baronesa - atalhou o jovem - , para me justificar, necessito esclarecer V. Exa. dos motivos da minha reserva e do silêncio que sempre guardei sobre o que acaba de aclarar-se. Conhecia, de há muito, a confiança e amizade que V. Exa. me dispensava, mas nunca acreditei que acolhesse tão benevolamente a confissão do amor que tributava à filha de V. Exa., nem que a pudesse patrocinar com a espontaneidade que nos deixou agora antever. Havia mais de um motivo para assim pensar; primeiro, porque me persuadi que V. Exa. olharia este amor, da minha parte, como um cálculo, um desejo de enobrecer-me, ou um abuso da confiança e amizade que me dispensava; segundo, porque nunca me julguei digno de aliar o meu nome obscuro à nobreza do de V. Exas. acrescendo ainda a desigualdade que há entre os nossos haveres...
- Perdão, Sr. Fernando - atalhou a baronesa. - Quem lhe perguntou por essas ninharias, que só tal nome se lhes pode dar.