CAPÍTULO 15 A chegada da baronesa e de Fernando foi um verdadeiro sucesso para a aldeia.
A mãe de Fernando, tendo no dia antecedente recebido as felizes notícias de tudo quanto se passara, fora imediatamente desabafar com alguns vizinhos as alegrias que lhe transbordavam do coração, e dera-lhes parte não só do casamento do seu filho, mas também da próxima chegada da baronesa, que vinha habitar outra vez nas suas ricas propriedades.
Poucas horas depois, toda a aldeia estava sabedora desses sucessos, e desde logo começaram os preparativos para uma brilhante receção aos recém-vindos, não só pelas simpatias que estes inspiravam a toda a povoação, como pessoas gradas, mas também porque ainda estavam bem vivos na lembrança de todos os actos de caridade e de beneficência que a baronesa praticara durante o tempo que ali vivera.
Foi em consequência disto que os recém-chegados, ao entrarem na aldeia, depararam com uma multidão de povo que os esperava com curiosidade, e à frente da qual estavam o pároco da freguesia, o regedor, o mestre-escola, o boticário e muitas outras pessoas consideradas da localidade. Dir-se-ia, pela agitação e bulício que se notava por toda a parte, que chegara à povoação o bispo ou pessoa real.
Fernando, ao atentar na multidão, pareceu procurar no meio dela alguma pessoa, que não viu.
Efetivamente, a pessoa que ele procurava, a Rosa do Adro, não estava ali, e talvez fosse a única que não viera partilhar da geral alegria e curiosidade.
A pobre rapariga, que nos últimos dias tinha sentido recrescer-lhe com uma espantosa celeridade esse terrível padecimento a que a medicina deu o nome de tísica, estava já em tal estado de prostração que nem de casa podia sair.
Entre a multidão, porém, Fernando encontrara, em vez do olhar meigo da sua antiga amante, uns outros olhos, brilhantes e sombrios, que o fitavam sinistramente e que o fizeram estremecer.