A Rosa do Adro - Cap. 16: CAPÍTULO 17 Pág. 169 / 202

- Mas, meu Deus, que me quererá ele?

- Não sei, Rosa; o que sei apenas é que o Sr. Fernando me pediu com tal insistência e de um tal modo que a convencesse a acompanhar-me que eu mais fácil seria não tornar a aparecer-lhe do que ir sem a levar comigo.

- Mas minha avó, não sei se...

- Tive já o cuidado de lhe falar quando aqui entrei, porque o pedido também é para ela nos acompanhar.

- Sim?!... Oh! então vamos, vamos.

E a jovem levantou-se com um movimento febril; lançou uma capa sobre os ombros e tentou caminhar apressadamente; dados, porém, alguns passos, as forças faltaram-lhe como era de prever, e teve de encostar-se a um móvel para não cair.

- Devagar, devagar - exclamou o criado dando-lhe o braço - , encoste-se a mim e caminhemos pausadamente.

Entraram no aposento imediato, onde já os esperava a avó de Rosa, e tomando-lhe esta o outro braço, puseram-se a caminho em direção à herdade.

Como Rosa de há muito não saía de casa, não houve uma só pessoa que não estacasse diante do grupo, assombrada pelo deplorável estado em que via a infeliz rapariga; e, como ela, sobre todas, fora sempre a mais querida da aldeia, muitos olhos se arrasaram de lágrimas, ao vê-la tão definhada e falta de alento.

Ao cabo de algum tempo de caminho, os três chegaram afinal ao portão da herdade.

Rosa, ao transpor o limiar daquela habitação, sentiu as forças abandoná-la de todo e teve de suster de novo os passos.

A avó de Rosa, vendo-a tão trémula e falta de cor, atribuindo isso ao cansaço, exclamou:

- O passeio foi bastante longo, não é verdade, minha filha?... Vejo-te tão pálida...

- Não foi nada, minha querida avó; já estou boa.

E, forcejando por tranquilizar-se e conquistar o sangue-frio de que tanto ia carecer naquele momento, continuaram o caminho, por momentos interrompido.





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