A Rosa do Adro - Cap. 1: CAPÍTULO 1 Pág. 3 / 202

"Aí vem a Rosa do Adro!" - diziam.

E, no mesmo instante, todos os olhares, todas as atenções se projetavam na graciosa rapariga, que, com o sorriso nos lábios, ia atravessando os grupos de povo, respondendo com um gracejo às lisonjas dos velhos, às banalidades amorosas dos rapazes, e aos elogios, nem sempre sinceros, das vizinhas e amigas.

E, enquanto os sons da campainha não chamavam à oração, reunia-se a um qualquer grupo de raparigas, com as quais conversava, entretanto que a sua avó, entrando no templo, ia ajoelhar diante do altar da nossa Senhora, a fazer-lhe as suas costumadas orações e a pedir-lhe mil bênçãos para a querida neta.

Terminada a missa, Rosa entretinha-se no adro a conversar os rapazes, que, azafamados, e depois de uma renhida questão de "primeiro vou eu e depois irás tu", procuravam à porfia ocasião propícia de se lhe aproximarem, esforçando-se cada um por captar-lhe mais provas de simpatia e amor.

Ela, porém, sem escolha nem deferência, com todos falava, com todos se ria, sem contudo demonstrar a mais leve predileção por qualquer deles.

Depois, à tarde, quando os rapazes e raparigas vinham reunir-se em frente da sua pequena habitação, formando aí um dos seus prediletos bailados, era Rosa, entre todas, a que mais se distinguia, já pela sua voz sonora e engraçados improvisos, já pelo garbo e requebros sedutores com que dançava.

Passados os domingos, pela semana adiante, era sempre a mesma, alegre e folgazã.

Sentada à pequena janela da sua casa, trabalhando, a sua voz melodiosa não deixava sequer um momento de se fazer ouvir, indo o seu eco perder-se ao longe, nas quebradas dos montes; e, se qualquer campónio passava e lhe dirigia alguma graça inocente, ela sempre risonha, não o deixava sem uma resposta zombeteira, com o que ele se ia vangloriado de contente.





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