A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 119 / 524

Não creio. Creio, por outro lado, que a selecção natural agirá sempre muito lentamente, muitas vezes apenas em intervalos de tempo longos, e, em geral, apenas num número reduzido de habitantes da mesma região ao mesmo tempo. Creio, além disso, que esta acção muito lenta e intermitente da selecção natural se harmoniza na perfeição com o que nos diz a geologia acerca do ritmo e processo de modificação dos habitantes deste mundo.

Por muito lento que seja o processo de selecção, se o frágil homem pode obter grandes resultados com os seus poderes de selecção artificial, não vejo limite para a quantidade de mudança, para a beleza e infinita complexidade das coadaptações entre todos os seres orgânicos e com as suas condições físicas de vida, que o poder de selecção da natureza pode a longo prazo realizar.

Extinção. - Este assunto será discutido mais detalhadamente no nosso capítulo sobre a geologia; mas tem de se lhe aludir aqui, devido à sua conexão íntima com a selecção natural. A selecção natural age unicamente através da preservação de variações de alguma maneira vantajosas, que, consequentemente, perduram. Mas como, devido aos elevados poderes de proliferação geométrica de todos os seres orgânicos, cada área está já inteiramente provida de habitantes, segue-se que à medida que cada forma seleccionada e favorecida cresce numericamente, assim decrescerão numericamente as formas menos favorecidas, tornando-se raras. A raridade, como nos diz a geologia, é precursora da extinção. Podemos também ver que qualquer forma representada por poucos indivíduos irá, durante flutuações sazonais ou no número dos seus inimigos, correr um risco considerável de extinção total. Mas podemos ir mais longe do que isto; pois à medida que se produzem





Os capítulos deste livro