A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 118 / 524

por sedimentação em grandes ilhas separadas, existirão ainda muitos indivíduos da mesma espécie em cada ilha: o entrecruzamento nas fronteiras da distribuição de cada espécie será assim limitado; após mudanças físicas de qualquer tipo, a imigração será impedida, de maneira que os novos espaços na organização de cada ilha terão de ser preenchidos por modificações dos velhos habitantes; e haverá tempo para que as respectivas variedades se modifiquem e aperfeiçoem adequadamente. Quando, através da re-elevação, as ilhas se reconverterem numa área continental, haverá novamente uma competição severa: as variedades mais favorecidas ou aperfeiçoadas poderão propagar-se: haverá muita extinção de formas menos aperfeiçoadas e a proporção numérica relativa dos vários habitantes do continente renascido alterar-se-á novamente; e mais uma vez a selecção natural terá um campo considerável para aperfeiçoar ainda mais os habitantes e produzir assim novas espécies.

Admito inteiramente que a selecção natural agirá sempre com extrema lentidão. A sua acção depende de haver espaços na organização da natureza que podem ser mais bem preenchidos por alguns dos habitantes da região que sofrem uma modificação de algum tipo. A existência de tais lugares dependerá frequentemente de mudanças físicas, que em geral são muito lentas, e da limitação da imigração de formas mais bem adaptadas. Mas a acção da selecção natural provavelmente dependerá com ainda maior frequência da lenta modificação de alguns habitantes, perturbando assim as relações mútuas de muitos outros. Nada se pode efectuar a menos que ocorram variações favoráveis, e aparentemente a própria variação é sempre um processo muito lento. O processo será amiúde retardado pelo entre cruzamento livre. Muitos exclamarão que estas diversas causas são amplamente suficientes para interromper completamente a acção da selecção natural.





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