A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 126 / 524

De Candolle observou muito bem, na sua grande e admirável obra, que com a naturalização as floras ganham, proporcionalmente ao número de géneros e espécies nativos, muito mais em novos géneros do que em novas espécies. Para dar um único exemplo: na última edição do «Manual da Flora do Norte dos Estados Unidos», do Dr. Asa Gray, enumera-se 260 plantas naturalizadas, e estas pertencem a 162 géneros. Vemos assim que estas plantas naturalizadas são de uma natureza altamente diversificada. Diferem, além disso, em grande medida, das indígenas, pois dos 162 géneros, não menos do que 100 géneros não são ali indígenas, e assim se faz um grande acréscimo proporcional aos géneros destes Estados.

Ao considerar a natureza das plantas ou animais que lutaram vitoriosamente com as formas indígenas de qualquer região e aí se naturalizaram, podemos obter uma ideia aproximada das modificações que algumas nativas teriam de sofrer, de maneira a ganhar uma vantagem sobre as outras nativas; e creio que podemos pelo menos inferir com segurança que a diversificação de estrutura, resultando em novas diferenças genéricas, lhes seria proveitosa.

A vantagem da diversificação nos habitantes da mesma região é, de facto, a mesma que a da divisão fisiológica do trabalho nos órgãos do mesmo corpo individual-c-um assunto muito bem esclarecido por Milne Edwards. Nenhum fisiólogo duvida de que um estômago adaptado para digerir apenas matéria vegetal ou apenas carne, retira mais nutrimento dessas substâncias. Assim, na economia geral de qualquer região, quanto mais ampla e perfeita é a diversificação dos animais e plantas para diferentes hábitos de vida, tanto maior será o número de indivíduos capazes de aí se sustentarem. Um conjunto de animais, com uma organização apenas ligeiramente diversificada, dificilmente poderia competir com um conjunto mais perfeitamente diversificado na sua estrutura.





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