A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 127 / 524

Pode-se duvidar, por exemplo, de os marsupiais australianos - que se dividem em grupos só ligeiramente diferentes uns dos outros e que representam debilmente, como comentaram o Sr. Waterhouse e outros, os nossos mamíferos carnívoros, ruminantes e roedores - conseguirem ou não competir vitoriosamente com estas ordens bem marcadas. Nos mamíferos australianos, observamos o processo de diversificação numa fase de desenvolvimento primitiva e incompleta.

Depois da discussão anterior, que devia ser muito mais extensa, podemos pressupor, segundo creio, que os descendentes modificados de qualquer espécie serão tão mais bem-sucedidos quanto mais se diversificarem em estrutura, tornando-se assim capazes de se introduzirem em espaços ocupados por outros seres. Vejamos agora como este princípio de uma grande vantagem resultante da divergência de carácter, combinado com os princípios da selecção natural e extinção, tenderão a agir.

O diagrama seguinte ajudar-nos-á a compreender este assunto bastante desconcertante. Suponha-se que as letras de A a L representam as espécies de um género vasto na sua própria região; supostamente estas espécies assemelham-se umas às outras em graus desiguais, como regra geral sucede na natureza e como se representa no diagrama pela distância desigual entre as letras. Referi um género grande, porque vimos no segundo capítulo que, em média, as espécies pertencentes a géneros grandes variam mais do que as espécies pertencentes a géneros pequenos; e as espécies variantes dos géneros grandes apresentam um maior número de variedades. Vimos também que as espécies mais comuns e as mais amplamente distribuídas variam mais do que as espécies raras com distribuição limitada. Suponha-se que A é uma espécie comum, amplamente distribuída e variante, pertencente a um género vasto na sua própria região.





Os capítulos deste livro