A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 138 / 524

Mas ninguém pode prever que grupos prevalecerão por fim; pois sabemos muito bem que vários grupos que anteriormente tiveram um desenvolvimento enorme estão hoje extintos. Olhando ainda mais remotamente para o futuro, podemos prever, devido ao crescimento contínuo e estável dos grupos maiores, a extinção total de uma multidão de grupos menores, sem que deixem descendentes modificados; e, consequentemente, que entre as espécies que vivem num dado período, pouquíssimas terão descendentes no futuro remoto. Terei de regressar a este assunto no capítulo sobre a classificação, mas posso acrescentar que com base nesta perspectiva, segundo a qual pouquíssimas das espécies mais antigas deixaram descendentes, e com base na perspectiva de que todos os descendentes da mesma espécie formam uma classe, podemos compreender porque em cada uma das divisões principais dos reinos animal e vegetal não há muitas classes. Ainda que pouquíssimas das espécies mais antigas possam ter hoje descendentes vivos e modificados, a Terra, no período geológico mais remoto, pode ter sido tão povoada por muitas espécies de muitos géneros, famílias, ordens e classes, como o é hoje em dia.

Resumo do Capítulo. - Se na longa sucessão das eras e sob condições de vida inconstantes, os seres orgânicos variam muito nas diversas partes da sua organização, e não creio que se possa pôr isto em causa; se numa dada época, estação ou ano, houver, devido aos elevados poderes de proliferação geométrica de cada espécie, uma severa luta pela vida, e isto não pode seguramente ser posto em causa; então, considerando a infinita complexidade das relações que todos os seres orgânicos têm uns com os outros e com as suas condições de existência, fazendo que uma infinita diversidade





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