A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 151 / 524

Seguem-se os que são concebidos para a penumbra e, por fim, os destinados à escuridão total». Quando um animal alcançou, após inúmeras gerações, os recessos mais profundos, o desuso terá, segundo esta perspectiva, obliterado mais ou menos completamente os seus olhos, e a selecção natural terá amiúde efectuado outras mudanças, tais como um aumento na dimensão das antenas ou dos palpos, como compensação pela cegueira. Não obstante tais modificações, podemos esperar ainda ver afinidades, nos animais cavernícolas da América, com os outros habitantes daquele continente, e, nos da Europa, com os habitantes do continente europeu. É o caso de alguns animais cavernícolas americanos, como me informou o Professor Dana* e alguns dos insectos cavernícolas europeus são muito intimamente próximos aos da região circunvizinha. Seria extremamente difícil dar qualquer explicação racional das afinidades entre os animais cavernícolas cegos e os outros habitantes dos dois continentes, com base na perspectiva comum da sua criação independente. Poderíamos esperar que muitos dos habitantes das cavernas do Novo e do Velho Mundo fossem intimamente próximos, devido à relação bem conhecida entre a maior parte das suas outras produções.

*James Dwight Dana (1813-1895), geólogo e naturalista norte-americano. [N.T.]

Longe de sentir qualquer surpresa perante a acentuada anomalia de alguns animais cavernícolas, como comentou Agassiz a respeito do peixe cego, o Amblyopsis, e como sucede com o Proteu cego por referência aos répteis da Europa, surpreende-me apenas que não se tenham preservado mais destroços de vida antiga, devido à menor severidade da competição a que os habitantes destes lugares escuros foram provavelmente sujeitos.

Aclimatização.





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