A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 153 / 524

H. C. Watson fez observações análogas nas espécies de plantas europeias trazidas dos Açores para Inglaterra. A respeito dos animais, poder-se-ia apresentar diversos casos autênticos de espécies que, dentro da mesma época histórica, aumentaram imenso a sua área de distribuição, de regiões mais quentes para regiões mais frias e inversamente; mas não sabemos com certeza se estes animais estavam estritamente adaptados ao seu clima nativo, embora pressuponhamos que isto sucede em todos os casos comuns; tão-pouco sabemos se mais tarde se aclimatizaram aos seus novos ambientes.

Como acredito que os nossos animais domésticos foram originalmente escolhidos por homens incivilizados por serem úteis e procriarem facilmente em cativeiro, e não por mais tarde terem sido considerados capazes de suportar grandes distâncias, penso que a capacidade comum e extraordinária nos nossos animais domésticos de não só suportarem os climas mais distintos mas também de serem perfeitamente férteis (um teste muito mais rigoroso) nesses climas, pode ser usada para argumentar que se poderia facilmente fazer uma grande proporção de outros animais, hoje em estado de natureza, suportar climas muito diferentes. Não podemos, todavia, forçar demasiado o argumento anterior, com base na provável origem de alguns dos nossos animais domésticos em diversas castas selvagens: o sangue, por exemplo, de um lobo ou cão selvagem tropical ou árctico pode estar misturado nas nossas linhagens domésticas. Não se pode considerar a ratazana e o rato como animais domésticos, mas foram transportados pelo homem para muitas partes do mundo e têm hoje uma distribuição muito mais ampla do que qualquer outro roedor, vivendo livremente no clima frio das ilhas Féroe, a norte, e das Falkland, a sul, e em muitas ilhas nas zonas tórridas.





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