A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 155 / 524

uma maneira muito impressionante em obras sobre árvores de fruto, publicadas nos Estados Unidos, em que determinadas variedades são normalmente recomendadas para os estados do Norte e outras para os estados do Sul; e como na sua maioria estas variedades são de origem recente, as suas diferenças constitutivas não podem dever-se ao hábito. Chegou-se a apresentar o caso da alcachofra de Jerusalém, que nunca se propaga por semente e a partir da qual, consequentemente, não se produziu novas variedades - pois agora não é mais tenra do que antes -, como prova de que a aclimatização não se pode efectuar! Também o caso do feijão encarnado foi frequentemente mencionado com um propósito semelhante e muito maior peso; mas até que alguém semeie feijões encarnados durante uma vintena de gerações, tão precocemente que em grande parte serão destruídos pela geada, recolhendo depois a semente dos poucos sobreviventes, com o cuidado de prevenir cruzamentos acidentais, obtendo mais uma vez semente destas plantas jovens, com as mesmas precauções, não se pode afirmar que se procurou realizar a experiência. Tão-pouco se suponha que nunca surge qualquer diferença na constituição dos feijoeiros jovens, pois publicou-se uma descrição de como algumas plantas jovens são aparentemente muito mais robustas do que outras.

Em suma, penso que podemos concluir que em alguns casos o hábito, o uso e o desuso desempenharam um papel considerável na modificação da constituição e estrutura de vários órgãos; mas que em grande medida os efeitos do uso e do desuso se têm frequentemente combinado com a selecção natural de diferenças inatas, sendo por vezes subordinados a esta.

Correlação de Crescimento. - Por esta expressão entendo que toda a organização está de tal maneira vinculada durante o seu crescimento e desenvolvimento que quando, numa dada parte, variações ligeiras ocorrem e são acumuladas através da selecção natural, outras partes se modificam.