A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 156 / 524

Este é um tema muito importante, muito mal compreendido. O exemplo mais óbvio é o de as modificações acumuladas unicamente para benefício da cria ou larva afectarem, pode-se concluir com segurança, a estrutura do adulto; da mesma maneira que qualquer malformação que afecte o embrião incipiente afecta gravemente toda a organização do adulto. As diversas partes do corpo que são homólogas e se assemelham numa fase inicial do período embrionário parecem susceptíveis a variar de uma maneira análoga: vemos isto na variação simétrica dos lados direito e esquerdo do corpo; nas pernas dianteiras e traseiras e mesmo na variação conjunta das maxilas e membros, pois crê-se que a maxila inferior é homóloga aos membros. Não duvido de que a selecção natural pode dominar estas tendências de uma maneira mais ou menos completa: assim, existiu em tempos uma família de veados com um corno anteocular apenas de um lado; e se isto tivesse sido de alguma utilidade importante para a linhagem, talvez houvesse a probabilidade de a selecção natural o tornar permanente.

As partes homólogas, como alguns autores comentaram, tendem a coerir; isto vê-se com frequência em plantas monstruosas; e nada é mais comum do que a união de partes homólogas em estruturas normais, como a união das pétalas da coro la num tubo. As partes rígidas parecem afectar a forma das partes macias adjacentes; alguns autores crêem que a diversidade na forma da pélvis das aves causa a notável diversidade na forma dos seus rins. Outros crêem que a forma da pélvis na mãe humana influencia pela pressão a forma da cabeça do filho. Nas serpentes, de acordo com Schlegel, a forma do corpo e a maneira de engolir determinam a posição dos órgãos internos mais importantes.

A natureza do vínculo de correlação é muitas vezes completamente obscura.





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