A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 160 / 524

O ancião Geoffroy e Goethe propuseram, mais ou menos na mesma altura, a sua lei da compensação ou equilíbrio de crescimento; ou, nas palavras de Goethe, «para gastar num lado, a natureza tem de economizar no outro». Penso que isto se aplica, até certo ponto, às nossas produções domésticas: se a nutrição foi em excesso para uma parte ou órgão, raramente fluirá, pelo menos em excesso, para outra parte; assim, é difícil fazer uma vaca dar muito leite e engordar rapidamente. As mesmas variedades de couve não produzem folhagem abundante e nutritiva e uma reserva copiosa de sementes oleaginosas. Quando as sementes nos nossos frutos se tornam atrofiadas, o próprio fruto ganha consideravelmente em tamanho e qualidade. Nas nossas aves domésticas, um grande tufo de penas na cabeça é em geral acompanhado por uma crista reduzida, e um grande barbilho por carúnculas reduzidas. Dificilmente se pode defender a aplicação universal da lei nas espécies em estado de natureza; mas muitos bons observadores, em especial botânicos, acreditam na verdade desta lei. Contudo, não darei aqui quaisquer exemplos, pois dificilmente vejo alguma maneira de distinguir entre os efeitos, por um lado, de uma parte ser amplamente desenvolvida através da selecção natural e outra parte adjacente ser reduzida pelo mesmo processo ou pelo desuso e, por outro lado, a efectiva supressão de nutrientes numa parte devido ao crescimento excessivo de outra parte adjacente.

Suspeito, além disso, de que se pode subsumir num princípio mais geral alguns casos de compensação apresentados e também outros factos, nomeadamente, que a selecção natural procura continuamente economizar em todas as partes, da organização. Se em condições de vida alteradas uma estrutura que antes era útil





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