A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 164 / 524

A regra aplica-se a machos e fêmeas; mas mais raramente às fêmeas, dado exibirem mais raramente caracteres sexuais secundários notáveis. É possível que o facto de a regra se aplicar tão manifestamente no caso dos caracteres sexuais secundários se deva à grande variabilidade destes caracteres, exibidos ou não de uma maneira inabitual - facto acerca do qual creio não haver dúvidas. Mas o caso dos hermafroditas cirrípedes mostra claramente que a nossa regra não se limita aos caracteres sexuais secundários; e aqui posso acrescentar que dei particular atenção ao comentário do Sr. Waterhouse, ao investigar esta ordem, e estou plenamente convencido de que a regra se aplica aos cirrípedes quase sem excepções. No meu próximo trabalho apresentarei uma lista dos casos mais notáveis; aqui apenas menciono brevemente um, dado que ilustra a regra na sua aplicação mais ampla. As válvulas operculares dos.cirrípedes sésseis (cracas) são, em todos os sentidos da palavra, estruturas muito importantes e diferem pouquíssimo, mesmo em géneros diferentes; mas, nas diversas espécies de um género, o Pyrgoma, estas válvulas apresentam uma quantidade maravilhosa de diversificação: sendo as válvulas homólogas nas diferentes espécies por vezes completamente desiguais em tamanho; e a quantidade de variação nos indivíduos de diversas espécies é tão grande que não é exagero afirmar que as variedades diferem mais entre si nos caracteres destas válvulas importantes do que outras espécies de géneros distintos.

Como as aves na mesma região variam pouquíssimo, prestei-lhes particular atenção, e parece-me que a regra se aplica seguramente a esta classe. Não posso afirmar que se aplica às plantas, o que teria seguramente abalado a minha crença na sua verdade, se a grande variabilidade das plantas não tornasse particularmente difícil comparar os seus graus de variabilidade relativos.





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