A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 167 / 524

Estou convencido de que é esse o caso. Não vejo razão para duvidar de que a luta entre a selecção natural, por um lado, e a tendência para a reversão e a variabilidade, por outro, cessará com o tempo; e que os órgãos cujo desenvolvimento é mais anómalo podem tornar-se constantes. Por isso, quando um órgão, por muito anormal que seja, foi transmitido aproximadamente na mesma condição a muitos descendentes modificados, como no caso da asa do morcego, tem de ter existido, segundo a minha teoria, quase no mesmo estado durante um período de tempo imenso; e assim não se torna mais variável do que qualquer outra estrutura. É só naqueles casos em que a modificação foi comparativamente recente e extraordinariamente grande que devemos- encontrar a variabilidade generativa, como se lhe pode chamar, ainda presente em elevado grau. Pois neste caso a variabilidade raras vezes até agora terá sido fixada pela selecção contínua dos indivíduos cuja variação corresponde ao modo e intensidade necessários, e pela rejeição contínua dos que tendem para reverter a uma condição anterior e menos modificada.

Pode-se alargar o princípio incluído nestes comentários. É notório que os caracteres específicos sejam mais variáveis do que genéricos. Explicando através de um exemplo simples o que se pretende dizer, se num género vasto de plantas algumas espécies tivessem flores azuis e outras tivessem flores vermelhas, a cor seria apenas um carácter específico, e ninguém ficaria surpreso se uma das espécies azuis variasse para vermelho ou o inverso; mas, se todas as espécies tivessem flores azuis, a cor tornar-se-ia um carácter genérico e a sua variação seria uma circunstância mais invulgar. Escolhi este exemplo porque neste caso não se pode aplicar uma explicação,





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