A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 168 / 524

que os naturalistas na sua maioria apresentariam, nomeadamente, que os caracteres específicos são mais variáveis do que os genéricos, porque são retirados de partes de menor importância fisiológica do que os comummente usados para classificar os géneros. Acredito que esta explicação é em parte verdadeira, ainda que apenas indirectamente; terei, todavia, de regressar a este tema no nosso capítulo sobre a classificação. Seria quase supérfluo apresentar indícios para sustentar a afirmação anterior de que os caracteres específicos são mais variáveis do que os genéricos; mas constatei repetidamente em obras sobre história natural que, quando um autor comenta com surpresa que um órgão ou parte importante, normalmente muito constante em grupos numerosos de espécies, diferiu consideravelmente em espécies intimamente próximas, foi também variável nos indivíduos de algumas das espécies. E este facto mostra que um carácter que normalmente tem um valor genérico, quando perde valor, passando a ter apenas um valor específico, torna-se frequentemente variável, embora a sua importância fisiológica possa permanecer a mesma. Algo do mesmo tipo se aplica às monstruosidades: pelo menos Is. Geoffroy St. Hilaire parece não ter quaisquer dúvidas de que quanto mais um órgão normalmente difere nas diferentes espécies do mesmo grupo, mais sujeito está a anomalias individuais.

Na perspectiva comum de que cada espécie foi independentemente criada, por que razão seria aquela parte da estrutura, que difere da mesma parte noutra espécie do mesmo género, independentemente criada, mais variável do que as partes que são intimamente semelhantes nas diversas espécies? Não vejo que se possa dar qualquer explicação. Mas, na perspectiva de que as espécies são apenas





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