A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 178 / 524

Sem entrar aqui em detalhes adicionais, posso afirmar que recolhi exemplos de listras da perna e umerais em cavalos de linhagens muito diferentes, em diversos países, das Ilhas Britânicas à China Oriental; da Noruega, no Norte, ao arquipélago malaio, no Sul. Em todas as partes do mundo estas listras ocorrem com muito maior frequência nos cavalos castanho-cinza e nos cinzento-rato; o termo «castanho-cinza» abrange uma vasta gama de cores, desde o tom situado entre o castanho e o preto a um tom próximo do creme.

Estou ciente de que o Coronel Hamilton Smith, que escreveu sobre este assunto, crê que as diversas linhagens do cavalo descendem de diversas espécies aborígenes - uma das quais, a castanho-cinza, era listrada; e que as aparências atrás descritas se devem todas a cruzamentos antigos com a casta castanho-cinza. Mas esta teoria não me satisfaz completamente, e teria relutância em aplicá-la a linhagens tão distintas como o pesado cavalo de tiro belga, os póneis galeses, garranos, a galgaz raça Kattywar, etc., que habitam as partes mais remotas do mundo.

Passemos agora aos efeitos do cruzamento entre as diversas espécies do género equino. Rollin afirma que a mula comum do burro e do cavalo é particularmente propensa a ter riscas nas pernas. Vi uma vez uma mula que tinha as pernas tão listradas que à primeira vista qualquer um pensaria que o animal devia provir de uma zebra; e o Sr. W. C. Martin apresentou no seu excelente tratado sobre o cavalo uma imagem de uma mula semelhante. Em quatro desenhos a cores que vi de híbridos de burro e zebra, as pernas eram muito mais nitidamente riscadas que o resto do corpo; e um dos animais tinha uma listra umeral dupla. No famoso híbrido de Lorde Moreton, entre uma égua alazã e um macho quaga, o híbrido, e mesmo a prole pura mais tarde produzida a partir da égua por um garanhão árabe preto, têm riscas transversas nas pernas muito mais nítidas até que as do quaga puro.





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