A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 179 / 524

Temos por fim outro caso muitíssimo notável de um híbrido representado pelo Dr. Gray (que me informou conhecer um segundo caso) a partir do burro e do hemíono; este híbrido, apesar de o burro raramente ter listras nas pernas e de o hemíono não as ter, nem sequer uma listra umeral, tinha as quatro pernas riscadas, três listras umerais curtas, como as do pónei castanho-cinza galês, e mesmo algumas listras semelhantes às da zebra nos lados do rosto. A respeito deste último facto, eu estava tão convencido de que nenhuma listra de cor aparece por «acidente», como é comum chamar-lhe, que fui levado, unicamente pela ocorrência de listras faciais neste híbrido de burro e hemíono, a perguntar ao Coronel Poole se tais listras faciais alguma vez ocorrem na eminentemente listrada linhagem equina de Kattywar, ao que ele me respondeu, como vimos, afirmativamente.

O que diremos então destes diversos factos? Vemos diversas espécies muito distintas do género equino tornarem-se, por variação simples, listradas nas pernas, como a zebra, ou nos ombros, como o burro. No cavalo vemos esta tendência em força sempre que surge um matiz castanho-cinza - um matiz que se aproxima do da cor geral das outras espécies do género. O aparecimento de listras não é acompanhado por qualquer mudança de forma nem outro carácter novo. Vemos esta tendência para se tornar listrado mais fortemente exibida em híbridos de muitas das espécies mais distintas. Observemos agora o caso das diversas linhagens de pombos: descendem de um pombo (incluindo duas ou três subespécies ou raças geográficas) de cor azulada, com certas riscas e outras marcas; e quando qualquer linhagem adquire por variação simples um matiz azulado, estas riscas e outras marcas reaparecem sem excepção, mas sem qualquer outra mudança de forma ou carácter.





Os capítulos deste livro