Ainda que tenhamos de ser extremamente prudentes ao concluir acerca de qualquer órgão que este jamais poderia ter sido produzido por gradações transicionais sucessivas, sem dúvida que ocorrem sérios casos de dificuldade, alguns dos quais serão discutidos no meu trabalho futuro.
Um dos mais graves é o dos insectos assexuados, cuja construção frequentemente difere muito quer dos machos quer das fêmeas férteis; mas este caso será tratado no capítulo seguinte. Os órgãos eléctricos de peixes oferecem outro caso de dificuldade especial; é impossível conceber por que etapas estes órgãos maravilhosos foram produzidos; mas, como observaram Owen e outros, a sua estrutura íntima assemelha-se intimamente à do músculo comum; e como se mostrou recentemente que as raias têm um órgão intimamente análogo ao aparelho eléctrico, e no entanto não produzem, como afirma Matteuchi, qualquer descarga eléctrica, temos de reconhecer que ignoramos demasiado para argumentar que nenhuma transição de qualquer tipo é possível.
Os órgãos eléctricos apresentam outra dificuldade ainda mais grave; pois só ocorrem em cerca de meia dúzia de peixes, dos quais diversos têm uma afinidade muito remota.