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Capítulo 7: CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA

Página 206
Podemos assim, como infiro a partir da interessante descrição que o Professor Owen faz destas partes, compreender o estranho facto de todas as partículas de alimentos e líquidos que engolimos terem de passar sobre o orifício da traqueia, com algum risco de cair nos pulmões, apesar do belo apetrecho que faz fechar a glote. Nos vertebrados superiores, as brânquias desapareceram completamente - as ranhuras nos lados do pescoço e o percurso convoluto das artérias assinalando ainda no embrião a sua posição anterior. Mas é concebível que as brânquias, hoje completamente perdidas, possam ter sido gradualmente integradas pela selecção natural para um propósito completamente distinto: da mesma maneira que, segundo a perspectiva mantida por alguns naturalistas de que as brânquias e as escamas dorsais dos Anelídeos são homólogas às asas e aos élitros dos insectos, é provável que órgãos que num período muito antigo serviam para a respiração se tenham efectivamente convertido em órgãos de voo.

Ao considerar transições de órgãos, é tão importante ter em mente a probabilidade de conversão de uma função para outra, que apresentarei mais um exemplo. Os cirrípedes pedunculados têm duas dobras minúsculas de pele, a que chamo os «freios ovígeros», que servem, através de uma secreção pegajosa, para reter os ovos até à sua eclosão dentro da bolsa. Estes cirrípedes não têm brânquias, servindo toda a superfície do corpo e a bolsa, incluindo os pequenos freios, para a respiração. Os Balnidae ou cirrípedes sésseis, por outro lado, não têm freios ovígeros, repousando os ovos livremente no fundo da bolsa, na concha bem fechada; mas têm brânquias com grandes dobras. Penso que ninguém porá em causa que os freios ovígeros numa família são estritamente homólogos às brânquias da outra família; na verdade, transitam gradativamente de uma para outra.

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pág. 206 (Capítulo 7)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 206

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491