A Origem das Espécies - Cap. 7: CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA Pág. 211 / 524

de lentamente aperfeiçoados num período anterior, foram transmitidos quase no mesmo estado, ainda que agora tenham apenas uma utilidade muito ligeira; e quaisquer desvios efectivamente prejudiciais na sua estrutura terão sido sempre impedidos pela selecção natural. Vendo a que ponto a cauda é um órgão de locomoção importante na maioria dos animais aquáticos, a sua presença e uso em geral para muitos objectivos em tantos animais terrestres, que pelos seus pulmões ou bexigas-natatórias modificadas denunciam a sua origem aquática, talvez possa ser explica da desta maneira. Uma cauda bem desenvolvida, tendo sido formada num animal aquático, pode subsequentemente ter vindo a ser integrada para todo o género de propósitos, como um mata-moscas, um órgão de preensão, ou um auxiliar para a deslocação circular, como no cão, embora o auxílio deva ser ligeiro, pois a lebre, que quase não tem cauda, consegue ziguezaguear bastante rapidamente.

Em segundo lugar, podemos por vezes atribuir importância a caracteres que na verdade têm pouquíssima importância e que se originaram por causas completamente secundárias, independentemente da selecção natural. Devemos recordar que o clima, a alimentação, etc., provavelmente têm alguma influência directa na organização; que os caracteres reaparecem pela lei da reversão; que a correlação de crescimento terá tido uma influência importantíssima na modificação de várias estruturas; e, por fim, que a selecção sexual terá frequentemente modificado em grande medida os caracteres externos dos animais que têm volição, para dar a um macho uma vantagem na luta com outro ou na corte das fêmeas. Além disso, quando uma modificação de estrutura surgiu primariamente pelas causas atrás mencionadas ou por outras -desconhecidas,





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