A Origem das Espécies - Cap. 8: CAPÍTULO VII
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*François Huber (1750-1831), naturalista suíço, pai de Pierre Huber (1770-1840). [N.T.]

A dificuldade em compreender como são feitos os alvéolos parece a início aumentada pelo trabalho conjunto de uma multidão de abelhas; uma abelha, depois de um breve período a trabalhar num alvéolo, passando ao alvéolo seguinte de maneira que, como afirmou Huber, mesmo no início do primeiro alvéolo, trabalham uma vintena de indivíduos. Consegui praticamente mostrar este facto cobrindo os rebordos das paredes hexagonais de um único alvéolo, ou a margem extrema do rebordo circular de um favo em expansão, com uma camada extremamente fina de cera avermelhada derretida; e constatei invariavelmente que as abelhas espalhavam a cor de uma maneira muitíssimo delicada - tão delicada como um pintor usaria o seu pincel - retirando fragmentos da cera colorida do local onde foi colocada e integrando-os nas margens em expansão dos alvéolos circundantes. O trabalho de construção assemelha-se a um género de equilíbrio alcançado por muitas abelhas entre si, todas colocando-se instintivamente à mesma distância relativa umas das outras, tentando dragar esferas iguais e então construindo ou deixando intocados os planos de intersecção entre estas esferas. Foi realmente curioso observar casos de dificuldade, como quando duas peças de favo se encontram num ângulo, quão frequentemente as abelhas demoliriam inteiramente o mesmo alvéolo, reconstruindo-o de maneiras diferentes, por vezes regressando a uma forma que a princípio tinham rejeitado.

Quando as abelhas têm um local onde se podem manter nas suas posições apropriadas para trabalhar - por exemplo, sobre uma faixa de madeira, colocada directamente sob o meio de um favo que cresce em sentido descendente,





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